ATA DA CENTÉSIMA TERCEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 21.09.1990.

 


Aos vinte e um dias do mês de setembro do ano de mil novecentos e noventa reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Centésima Terceira Sessão Ordinária da Segunda Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às nove horas e quarenta e cinco minutos, foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Antonio Hohlfeldt, Artur Zanella, Clóvis Brum, Décio Schauren, Dilamar Machado, Edi Morelli, Ervino Besson, Flávio Koutzii, João Dib, João Motta, Letícia Arruda, Luiz Braz, Luiz Machado, Mano José, Omar Ferri, Valdir Fraga, Vicente Dutra, Vieira da Cunha, Adroaldo Correa e Martim Aranha. Constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e solicitou à Verª Letícia Arruda que procedesse à leitura de trecho da Bíblia. Após, o Senhor Secretário procedeu à leitura da Ata da centésima Segunda Sessão Ordinária que, juntamente as Atas da Centésima e da Centésima Primeira Sessões Ordinárias, foi aprovada. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Edi Morelli, 02 Indicações; pelo Ver. Elói Guimarães, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 119/90 (Processo 1798/90); pelo Ver. Ilo Sperb, 01 Indicação e 04 Pedidos de Providências; pela Verª Letícia Arruda, 01 Indicação; 06 Pedidos de Providências e 01 Projeto de Resolução nº 40/90 (Processo 1864/90); pelo Ver. Wilton Araújo, 03 Pedidos de Providências e 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 121/90 (Processo 1821/90). Ainda, foi apregoado o Projeto de Lei do Executivo nº 48/90 (Processo 1887/90). Do EXPEDIENTE constaram: os Ofícios nºs 482 e 531/90, do Gabinete do Governador do Estado do Rio Grande do Sul; e Cartas do Prof. Simão Machado e do Senhor Volnei Bernardes Baptista. Em PAUTA ESPECIAL, Orçamentos, Discussão Preliminar, esteve, em 5ª Sessão, o Projeto de Decreto Legislativo nº 13/90, que foi discutido pelo Ver. Antonio Hohlfeldt. Em PAUTA, Discussão Preliminar, 3ª Sessão, estiveram: o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 18/90, o Projeto de Lei do Legislativo nº 116/90, o Projeto de Resolução nº 38/90 e o Projeto de Lei do Executivo nº 43/90, este, discutido pelo Ver. João Dib. Após, o Senhor Presidente apregoou o recebimento, pela Mesa, de Requerimento de autoria do Ver. Décio Schauren, solicitando renovação de votação para o Projeto de Lei do Executivo nº 47/90. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Vicente Dutra, lendo texto sobre a “A participação do Rotary nas Campanhas de Vacinação anti-pólio”, discorreu sobre a importância dessa vacinação para a erradicação da doença e o empenho e apoio do Rotary para o sucesso dessa campanha. O Ver. Dilamar Machado, discorrendo sobre os critérios adotados pelo Tribunal Regional Eleitoral para a cassação de registro de candidaturas e enquadramento em abuso de poder econômico a outros candidatos, salientou que tal atitude enfraquece o livre exercício da democracia. E o Ver. Omar Ferri, reportando-se ao pronunciamento do Ver. Dilamar Machado, questionou o não enquadramento do candidato Nelson Proença pelo referido Tribunal e denunciou o comportamento de políticos “que viciam os eleitores com pagamentos” ou promessas. A seguir, tendo sido constatada a existência de “quorum”, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em apreciação, esteve o Requerimento, de autoria do Ver. Wilson Santos, solicitando encaminhamento de denúncia contra o Prefeito Municipal de Porto Alegre, por infração político-administrativa relacionada com área pública situada na Rua Aureliano de Figueiredo Pinto, o qual, após ter sido encaminhado à votação pelos Vereadores Clóvis Brum e Antonio Hohlfeldt, deixou de ser votado face à constatação de inexistência de “quorum”. Às dez horas e quarenta e dois minutos, tendo sido constatada a inexistência de “quorum” para o cumprimento da Ordem do Dia, o Senhor Presidente levantou os trabalhos da presente Sessão, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Valdir Fraga e Adroaldo Correa, e secretariados pelos Vereadores Adroaldo Correa e Luiz Braz, este como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Adroaldo Correa, 3º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1º Secretário.

 


O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga – às 9h45min): A seguir, passa-se à

 

PAUTA – DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

3ª SESSÃO

 

PROC. Nº 1409/90 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 018/90, de autoria do Ver. Gert Schinke, que autoriza o Executivo Municipal a edificar equipamento público cultural, denominando-o Memorial Chico Mendes, e cria Fundo Especial, de natureza contábil própria.

 

PROC. Nº 1733/90 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 116/90, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, que denomina Rua Joel Halpern um logradouro público.

 

PROC. Nº 1737/90 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 038/90, de autoria do Ver. Valdir Fraga, que concede o Prêmio Literário Érico Veríssimo ao crítico e Professor Flávio Loureiro Chaves.

 

PROC. Nº 1826/90 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 043/90, que autoriza o Executivo a abrir crédito especial no valor de Cr$ 18.570.428,30 e dá outras providências.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para discutir.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, acho que nas assinaturas que promulgaram a Lei Orgânica está faltando uma de uma criatura que parece aprovar a Lei Orgânica: falta a assinatura de São Pedro. São Pedro que não está concordando com o que está pretendendo ou pretendeu a Administração Municipal, mostrar ao povo aquilo que deveria ser mostrado aos representantes do povo, os balancetes mensais que, até hoje, determinados na Lei Orgânica, não vieram a esta Casa. Não vieram a esta Casa, mas parece que um dia hão de vir. E quando o Prefeito quis mostrar ao povo, fazer uma prestação de contas ao povo, São Pedro, que gostava da Lei Orgânica, disse: “vai chover todos os dias, vai atrapalhar”, e hoje é o último dia e já está preparando uma chuva muito bonita para que ele não possa. Mas, se tivéssemos os balancetes, saberíamos donde provêm os recursos - exceto a arrecadação, é claro, do Projeto em Pauta, que abre crédito de 18.570.000 cruzeiros. Mas deve estar entrando tanto dinheiro - mas tanto dinheiro - na Prefeitura, que ainda não venci todos que aqui estão e semanalmente, praticamente, temos dado uma autorização de abertura de crédito especial, mais 158.809.000 cruzeiros estão chegando. Parte do excesso da arrecadação - e excesso de arrecadação proveniente de transferência repassada pela Secretaria da Saúde do Estado e Meio Ambiente, provenientes do Suds - no valor de dois milhões. Mas 136.809.000 é excesso de arrecadação. Só que nós, representantes do povo, teríamos a obrigação de explicar para o povo onde é que está o dinheiro da Prefeitura - não recebemos os balancetes. E temos que assinar em cruz. Agora, São Pedro, sabiamente, faz chover para que não haja uma concentração maior lá na frente da Prefeitura para que o Prefeito não possa ir às escadas da Prefeitura e dizer: “Eu sou o grande executor orçamentário deste Município, apenas os Vereadores não sabem o que está acontecendo”. Mas eu também não sei; acho que o Prefeito também não sabe. Mas ele lá está dizendo que fez tantas obras, tantas coisas e os jornais, rádio e televisão, tudo mostrando que a Prefeitura presta contas, só esquece de cumprir a Lei Orgânica e prestar contas à Casa do Povo de Porto Alegre. Mas eu espero que esta obrigação orgânica seja muito em breve cumprida e que mensalmente nós possamos ter para a nossa análise dos balancetes da Prefeitura, assim como espero que cada um dos trinta e três Vereadores de posse da documentação faça análise e, criteriosamente, possa dizer ao povo o que está acontecendo na Administração que parece ter tanto dinheiro que mais 158 milhões de excesso de arrecadação estão sendo encaminhados agora para um crédito especial. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Passamos à

 

PAUTA ESPECIAL – ORÇAMENTO

 

 DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

5ª SESSÃO

 

PROC. Nº 1802/90 - PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO Nº 013/90, de autoria da Comissão de Finanças e Orçamento, que aprova as contas da Prefeitura Municipal de Porto Alegre (Poder Executivo, DMLU, DEMHAB e DMAE), referentes ao exercício de 1986.

 

O SR. PRESIDENTE: Está com a palavra, para discutir, o Ver. Antonio Hohlfeldt.

 

O ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nós temos nesta discussão, inclusive em relação à prestação de contas de 1986, colocado na prática um acordo que foi desenvolvido aqui na Casa - sobretudo em termos do Partido dos Trabalhadores e Partido Democrático Trabalhista - de que em relação às contas da Administração Collares nós teríamos a Comissão de Economia e Finanças, formada na sua composição tal como se dá neste momento, verificando as análises do Tribunal de Contas; fazendo os encaminhamentos; fazendo as discussões dentro da Casa. É difícil se expressar qualquer parecer, qualquer comentário em torno destas contas na medida em que o Processo, até pelas suas dimensões, não nos é distribuído anteriormente, e que, portanto, significa necessariamente um acesso a esse Processo com calma, gente especializada, já que é um documento bastante longo, me parece que é este monte de pastas que se encontra aqui na frente. Então, portanto, a discussão em si, objetiva, das contas, é uma coisa que na verdade fica pendente desta análise. Na verdade nós continuamos fazendo aquilo que fizemos ao longo dos anos, pura e simplesmente cumprindo uma formalidade. Monta-se o Projeto, manda-se o Projeto ao Tribunal, manda-se o Projeto à Câmara, faz-se uma discussão formal, aprova-se, dependendo do Parecer da Comissão respectiva. Mas raramente a Comissão dá um Parecer contrário.

Eu gostaria de lembrar, no entanto, que ainda ao tempo da Drª Felizberta Soares, funcionária desta Casa, nós chegamos a ter um Projeto em discussão pelo qual se previa a vinda do Prefeito à Casa, para discussão das contas do Município. Ou seja, ao final do período financeiro o Prefeito não apenas enviaria a sua prestação de contas, que corresponde de uma certa maneira às empresas, a um balanço, como viria à Casa para a discussão. No caso nós deveríamos contar - se tivesse sido aprovado aquele Projeto - deveríamos contar em determinado momento com a presença do ex-Prefeito Alceu Collares, já que agora são as contas de 1986, para discutir com os Vereadores esta aprovação. Na Lei Orgânica de 04 de abril de 1990, aprovada por este Plenário, nós temos um passo à frente em relação àquilo que tínhamos até então. Não chegamos a esta proposta, que era pessoalmente a minha posição em relação à presença do Prefeito, aqui, para discutir e justificar as suas contas, mas prevemos o envio dos balancetes.

E ao Ver. João Dib, até porque o Secretário do Governo se encontra presente, eu gostaria de dizer, Ver. Dib, que V. Exª tem inteira razão quanto à sua reclamação. Nós havíamos, inclusive, como Bancada, enviado, encaminhado esse pedido ao Secretário de Governo. E na verdade a Prefeitura precisou se organizar um pouco nesses meses para poder cumprir esse artigo. A Câmara tem também essa obrigação de apresentar os balancetes, tanto a nós Vereadores quanto à comunidade, quanto ao Executivo, já que compõe com o Executivo o seu Orçamento final. E também nós enfrentamos dificuldades de organização, preparação de pessoal, de documentação, de formulários, por aí afora.

Então, a pedido do Secretário Corbellini, quero dizer ao Sr. Presidente e aos Srs. Vereadores que os balancetes estão sendo enviados à Casa, dos meses anteriores. E, pelo menos, a posição do Secretário é que daqui para a frente os balancetes serão enviados mensalmente, sem nenhum problema. Essa é a posição que ele vai levar ao Prefeito. Até porque V. Exª mesmo, Ver. João Dib, tem reconhecido, podemos ter divergências na condução eventual, no enfoque da Administração, podemos até ter discordâncias nos enfoques, mas acho que a Administração tem sido transparente, tem procurado ter a maior seriedade possível, porque não temos o que esconder evidentemente. Então, eu pediria, concordando com sua posição, estamos colocando, os atrasados estão vindo, tanto que estão sendo divulgados agora, junto à população, e esperamos que daqui para a frente possamos realmente manter mensalmente. Eu até diria que é do interesse da Administração fazer isso, exatamente porque é uma maneira de mostrar o modo como estão sendo conduzidas as coisas públicas. Não quero falar pelo Presidente porque evidentemente cabe a ele falar, mas tenho certeza de que, também no nosso caso aqui, no Legislativo, as coisas devem estar chegando neste nível de podermos divulgar estes dados. Acho que é um passo, exatamente nesta democratização e nesta transparência do Poder Público em relação ao contribuinte, aquele que paga o seu imposto e quer saber como é que as coisas estão sendo feitas, estão sendo usadas em relação ao dinheiro público. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Liderança com o PDS. Com a palavra o Ver. Vicente Dutra.

 

O SR. VICENTE DUTRA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, hoje, segundo notícias ocorridas na imprensa, inicia uma grande campanha de vacinação no Brasil. Uma mobilização de milhares e milhares de pessoas, em todos os rincões, usando todos os meios disponíveis de transporte para chegar às crianças deste Brasil.

O trabalho do Rotary e dos rotarianos do mundo inteiro tem merecido os maiores cumprimentos da ONU. O Presidente do Rotary Internacional, hoje, é um brasileiro. É a terceira vez que um brasileiro ocupa o alto cargo de Presidente Internacional de Rotaries. É o paulista Paulo Viriato Correia da Costa. Ele está dando todo o incentivo, está no Brasil, hoje, recebendo uma Medalha do Governo Brasileiro, graças a esta campanha promovida pelo Rotary. Há Rotary, hoje, em todos os países. Há Rotary em mais países do que países que são, hoje, participantes da ONU. Este é um dado impressionante. É a maior organização internacional, e recursos que vêm para o Brasil, para desfazer uma má impressão do Ver. Décio Schauren, são cem vezes maiores do que o montante de recursos com que os brasileiros colaboram, por exemplo, para a Fundação Rotariana, que são revertidos em benefício dos carentes do mundo. Voltaremos em outra ocasião, para falar de outro programa do Paulo Viriato que é “Proteja o Planeta Terra”. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Adroaldo Corrêa): O Ver. Dilamar Machado fala em tempo de Liderança.

 

O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, venho a esta tribuna para registrar a minha estranheza com relação aos critérios que utiliza, nos últimos dias, o TER e que vem, segundo informação da imprensa local, aumentando os processos de cassação de registro de candidatura. Evidentemente que não vou discutir as razões de ordem jurídica e legal que levaram os integrantes do Pleno a cassar o registro do companheiro Tarso Bueno, e na noite passada do Deputado César Schirmer, do PMDB, e praticamente certa, também, a do Sr. Luiz Carlos Martins, candidato pelo PFL. Sabidamente, é muito longa a lista de candidatos que estão sob ameaça desta cassação de registro.

A primeira questão que se impõe é sobre a oportunidade, indiscutível, Ver. Ferri, V. Exª, assim como eu, o Ver. Koutzii, Ver. Morelli, Ver. Luiz Machado, que estamos em campanha eleitoral, é muito duro para o candidato ter o seu registro cassado a dez dias das eleições; E os critérios, no mínimo, são estranhos. Abuso de poder econômico é, por exemplo, um Deputado Federal, como o Sr. Luiz Roberto Ponte, utilizar, diariamente, há vários meses, quinze, vinte, trinta minutos na Rádio Guaíba, todos os dias, dando explicações sobre os mais diversos temas. Sr. Nelson Jobim, Ver. Dib, passou meses dando, diariamente, depoimentos na Rádio Guaíba - aliás, era um horário gratuito, das oito às nove horas da manhã, programa do Sr. Flávio Alcaraz Gomes, Rádio Guaíba, ouvia, diariamente, exclusivamente, o Sr. Nelson Jobim, Luiz Roberto Ponte e o Sr. Adroaldo Streck, eram vinte minutos para cada um. Isso pode não ser abuso de poder econômico, mas é um paternalismo, um favorecimento escancarado a determinados candidatos. Ouvi, por diversas vez, o Sr. Rogério Mendelski, na Rádio Gaúcha, em seu programa de grande audiência, dizer que o Rio Grande não poderia deixar de reeleger o Sr. Nelson Jobim, porque era um dos melhores Deputados do Rio Grande; não poderia deixar de reeleger o Sr. Ibsen Pinheiro, Líder do PMDB no Congresso Nacional; não poderia deixar de fora o Sr. Luiz Roberto Ponte, um Deputado dedicado ao Rio Grande. Mas isso é uma questão do eleitor, que o povo decide na urna. Agora, vem o TRE, às vésperas das eleições, tirando do contato com seus eleitores candidatos que estão aí trabalhando. Eu não vou defender a atuação política do Sr. César Schirmer, mas fui Deputado com este moço durante quatro anos. Indiscutivelmente o Sr. César Schirmer é um homem de bem, é um político competente, é um político sério.

Agora, vejam o prejuízo que está causando o TRE à candidatura do César Schirmer e do Tarso Bueno e do Sr. Martins - que eu nem conheço, foi Diretor do DEPREC. E outros companheiros estão sob esta mesma ameaça, e não são poucos. São cento e oitenta processos. Como irão julgar, quem irão julgar, como selecionam, como escolhem os julgados, eu não sei. Só sei que a partir de segunda-feira novas cabeças rolarão. E isto enfraquece a democracia. Enfraquece o processo eleitoral. Ajuda, Ver. Omar Ferri, a colocar na alça de mira do eleitorado toda a classe política do nosso Estado. Indiscutivelmente é uma atitude estranha a do Tribunal Regional Eleitoral. Ela é autoritária, é dura, não tem um critério justo e está, inclusive, discriminando. Porque se for para cassar candidaturas por abuso de poder eleitoral, o Sr. Nelson Proença não poderia nem estar saindo de casa, tal o derrame de dinheiro que esse cidadão vem fazendo, especialmente nas vilas populares de Porto Alegre, comprando, escandalosamente, a consciência das lideranças comunitárias em cima do tíquete do leite, em cima do projeto da SEAC, o Fala Favela e coisa parecida. É escandaloso o que este moço faz. No entanto, não ouço falar, sequer, que ele está sob a mira do Tribunal Regional Eleitoral. Isto indiscutivelmente entristece a todos nós. Não é a primeira vez que eu concorro, é a minha quinta eleição, mas me aproximo do dia da eleição com profunda tristeza pelo descritério. Acho que a cassação do meu mandato foi muito mais justa que, na realidade, quando eu era Vereador em 1969 eu não compactuava com a ditadura, nem com o regime militar. Fui injustamente cassado porque eu não era um deles. Agora, cassar às vésperas da eleição cidadãos que não têm nenhum processo-crime, apenas por questões menores, mesquinhas, indiscutivelmente empobrece a democracia brasileira. Sou grato.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Inscrito em Liderança o Ver. Omar Ferri, Partido Socialista Brasileiro.

 

O SR. OMAR FERRI: Eu aceito o convite do Sr. Presidente que me “coage” a usar o meu tempo de Liderança, e aceito essa “coação” com muito prazer de minha parte. Eu na realidade não iria me manifestar na Sessão de hoje, mas ouvindo atentamente o pronunciamento do Ver. Dilamar Machado, me senti na obrigação de também dizer algumas palavras a respeito do atual fenômeno político-eleitoral que envolve o Estado do Rio Grande do Sul e que o apronta para as eleições de três de outubro. Não quero discutir o mérito dessas cassações. Eu tenho para mim, Ver. Dilamar Machado, que, se existe uma Lei que proíbe a colocação de outdoors, e se o candidato descumprindo essa Lei pratica esse abuso, ou desobedece a Lei, ele assume o risco de fazer com que a Lei se volte contra ele. Não acompanhei o julgamento do Tribunal Regional Eleitoral, mas pelo que li no jornal, o Deputado César Schirmer abusou da colocação de outdoors, no momento em que ele era um dos prováveis candidatos ao Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Quanto ao Sr. Tarso Bueno, era até um escândalo o que ocorria com ele num determinado programa de televisão. Agora, não vou criticar, não vejo como eu possa criticar a decisão do Tribunal, porque de minha parte faz anos que eu venho reclamando uma vigilância completa, com relação aos candidatos, principalmente em relação aos candidatos a Deputados Federais. Eu lembro que uma vez eu fui aplastado por um vigarista eleitoral chamado Paulo Micarrone, que passou por cima da minha candidatura como um rolo compressor, e que segundo denúncias daquela época teria chegado a gastar 300 milhões de cruzeiros para se eleger Deputado Federal. O que me atraiu, Ver. Dilamar Machada, o que me atraiu, chamou minha atenção às notícias veiculadas no dia de hoje, foi que o Tribunal Regional Eleitoral tem investigantes. E se tem investigantes, agora numa segunda etapa dou razão a Vossa Excelência. Eu me pergunto: se o Tribunal Regional Eleitoral cassou o Dep. César Schirmer, cassou um candidato folclórico chamado Oswaldinho e cassou também um cidadão chamado Tarso Bueno, eu me pergunto por que não cassa também um cidadão chamado Luiz Roberto Ponte? Por que não cassa um cidadão chamado Pratini de Moraes? Por que não cassa um cidadão chamado Ibsen Pinheiro? Por que não cassa hors concours da atual política, Ver. Dilamar Machado? O Ver. Antonio Hohlfeldt já declinou o nome deste cidadão. Vou lhe dizer, no Município de Viamão, de duzentos em duzentos metros esse cidadão chamado Proença tem um comitê eleitoral. Será que o Tribunal Regional Eleitoral - nenhuma crítica ao TRE - mas será que o Tribunal Regional Eleitoral não poderia determinar uma investigação a respeito de tais abusos, abuso de poder, abuso de dinheiro, que está ocorrendo no Rio Grande do Sul, hoje? É incrível, aqui e agora me vem uma informação de que o Proença alugou a cadeia de rádios do Ballvè, mais de vinte emissoras. Eu discordo, Ver. Antonio Hohlfeldt, discordo. Discordo desta informação que neste momento me chega aqui na tribuna. O Sr. Proença pagou cash por 5 milhões de dólares; 49% das ações do Grupo Ballvè. Não sei por que não comprou já 50%? Não se entende como neste País, pessoas, de repente, do dia para a noite ficam ricas. E não se pode entender neste País como existe tamanho abuso sem que a Justiça Eleitoral tome a mínima providência. Eu tenho andado por aí e vou citar dos Municípios, Relvado e Putinga, que se viciaram em receber dinheiro. É impossível conseguir um voto nesses Municípios sem comprar. É impossível conseguir um voto nos Municípios de Relvado e de Putinga sem que se compre a consciência dos eleitores. Então, fica esta denúncia, aqui, contra os maus políticos, que viciaram os eleitores e que continuarão a ser viciados por homens como esses que foram assinalados desta tribuna nesta primaveril e ensolarada manhã de setembro. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa apregoa o PLE nº 048/90 e o Requerimento de autoria do Ver. Décio Schauren, solicitando renovação de votação para o PLE nº 047/90. Há quorum. Passa-se à

 

ORDEM DO DIA

 

Requerimento de autoria do Ver. Wilson Santos, solicitando encaminhamento de denúncias contra o Prefeito Municipal de Porto Alegre, por infração político-administrativa relacionada com área pública situada na Rua Aureliano de Figueiredo Pinto. Em votação. Com a palavra o Ver. Clóvis Brum, para encaminhar.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a Casa é testemunha de que na última Sessão, o PT é testemunha disso, de que na última Sessão fizemos o possível e até o impossível, se pode assim dizer, para não votar este Requerimento.

Eu não sei, Sr. Presidente, se realmente o assunto foi ou não sanado. Não houve nenhuma informação sobre o problema. Agora, acho, também temos que ter alguma consideração. Eu não posso conceber que o Prefeito não tivesse tempo ou decisão de Governo, ou seus subordinados não tivessem obediência para resolver um probleminha desses, simplório. Já foi oferecida denúncia, já veio resposta de lá que não procede, o Vereador já confirmou que nada se fez. Temos que respeitar as coisas. Temos que, pelo menos, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, fazer com que o Executivo cumpra o seu papel. Não tenho nenhuma notícia oficial de que foi sanada esta ilegalidade. Não é o tamanho do problema, para mim quem rouba um milhão e quem rouba um centavo é o mesmo ladrão. Agora, se o Prefeito não atende isto aqui, que é um assunto ilegal, imagino os problemas mais sérios desta Cidade, como andarão?

Por isto, Sr. Presidente, vou votar favorável ao Requerimento do Ver. Wilson Santos. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Próximo Vereador a encaminhar é o Ver. Antonio Hohlfeldt.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, é um pouco constrangedor nós termos que discutir, encaminhar e eventualmente votar um Requerimento de um Vereador que, por circunstâncias que todos nós sabemos que ocorrem, não se encontra presente no Plenário. Pois o que quero trazer à consideração dos Vereadores, até do Ver. Clóvis Brum, que pode ser que desconheça, porque presidia a Mesa na quarta-feira, é que uma vez constatado de fato que o Ver. Wilson Santos tinha razão na sua queixa, ou seja, que o terceiro escalão havia descumprido uma orientação explícita do Prefeito, o Ver. João Motta se dirigiu ao local com o Ver. Wilson Santos, verificou a situação, fez um contato imediato com o gabinete do Prefeito, e na mesma hora foram enviados três funcionários da CAI - Comissão de Avaliação de Imóveis - a quem compete este tipo de análise, que verificou in loco a procedência da denúncia, e tomou a medida cabível, ou seja, reformular a cerca, deixar a passagem de acesso. Inclusive, pessoalmente, este Vereador em contato com o Ver. Wilson Santos havia sugerido que o Vereador retirasse este Requerimento e até eventualmente o transformasse num Requerimento que o PT se comprometeria em aprovar, de convite ou convocação ao Prefeito Olívio Dutra, para que desse explicações em Plenário, na Casa, sobre o episódio. Depois tivemos aquela votação urgente, urgentíssima, e evidentemente as coisas se complicaram no sentido de que talvez o Ver. Wilson Santos se esqueceu de retirar o Requerimento. Talvez decidiu manter, mas realmente não temos essa posição final, em termos de que não temos aqui o Ver. Wilson Santos para nos colocar a situação, e então se fica numa situação muito complicada. Além do que, gostaria de lembrar aos Srs. Vereadores de que numa situação - eu diria até mais grave - e que levou o Ver. João Dib a pedir, o Plenário negou. Não vou entrar no mérito dessa decisão, mas gostaria de chamar a atenção que no art. 156 do nosso Regimento Interno, que ainda não está modificado, no seu § 3º, é muito claro, ele diz que um Pedido de Informação quando não atendido plenamente ou quando não corresponda àquilo que o Vereador pretende, ele deve ser reiterado. Ora, o Ver. Wilson Santos não fez esta reiteração do Pedido de Informação, não do modo formal. Ele pode até ter feito uma série de discussões públicas através dos meios de comunicação, mas estritos seus. Ele não cumpriu com aquilo que formalmente o nosso Regimento Interno estabelece, que não se dando por satisfeito com o Pedido de Informação, cabe ao Vereador reiterar o PI e só então, eventualmente, se ainda permanecer alguma situação em que claramente o Executivo se esquive de informar ou a informação não corresponda à verdade, possa ele tomar alguma outra decisão.

Então, com todo o respeito ao Ver. Wilson Santos, e constrangido nesse encaminhamento, porque, realmente, com a ausência do Vereador, é complicado nós discutirmos o assunto. Eu encaminho, evidentemente, ao contrário, sem entrar na questão do mérito, mas levantando estas questões. O procedimento formal não foi cumprido, em primeiro lugar. Em segundo lugar, a questão explícita de que naquela tarde, na quarta-feira, houve uma medida concreta, objetiva por parte do Executivo, num atendimento configurado, vamos deixar aqui bem claro: o Vereador tem inteira razão da sua queixa, não foi atendido naquilo que foi solicitado, por parte do terceiro escalão. E eu dizia ao Vereador - e acho que tem certa lógica - o Prefeito não pode ficar cuidando de pequenas coisas, ele recebe uma queixa, recebe uma solicitação, faz o encaminhamento a quem de direito. Efetivamente não podemos imputar diretamente ao Prefeito, de imediato, podemos imputar evidentemente como autoridade final que é responsável pelo que ocorre ou não ocorre no Município. Só acho que estamos atropelando este processo todo.

O nosso encaminhamento é contrário, mas, sobretudo, com um cuidado de ressalvar até a posição do Ver. Wilson Santos, porque eu entendo, nos encaminhamentos de quarta-feira, que na verdade havia disposição da retirada deste Requerimento, já que as coisas estavam sendo encaminhadas a contento dentro das reivindicações. O que o Vereador quer é ser atendido na sua justa reivindicação.

Então, o nosso encaminhamento é contrário até com a ressalva da posição do Ver. Wilson Santos, que não se desgaste à toa, porque aquilo que ele pretende justamente, na verdade, foi encaminhado na quarta-feira com a presença do Ver. Wilson Santos, com a presença do Líder da Bancada e dos técnicos do Executivo. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Não há “quorum”. Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

(Levanta-se a Sessão às 10h42min.)

 

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